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Lista comentada dos filmes em cartaz

 

Muitos deles foram criticados aqui no Opinião e Notícia, enquanto outros foram ignorados, o que não acontecerá agora. Por Francisco Taunay. 16/04/2010 | Enviar | Imprimir | Comentários: 5 | A A A Acabo de descobrir um site que contém os filmes em cartaz no circuito nacional. Não sei realmente qual parâmetro é utilizado por eles: um filme que está em cartaz somente em uma capital entra também na lista? Bom, independente disso, segundo o site, são 40 os filmes em cartaz no dia 15 de abril de 2010. Destes 40, assisti 14, ou seja, 35% de todos os filmes, o que é uma média razoável. Muitos deles foram criticados aqui no Opinião e Notícia, enquanto outros foram ignorados, o que não acontecerá agora. Aí vai a lista comentada, pela ordem do site, destes exemplares cinematográficos em cartaz no ano de 2010:

- Um Homem Sério, dos irmãos Coen: Este filme é muito bom. Um filme diferente, com um humor ácido, que faz pensar e liberta o espectador do axioma de que todo o filme deve ser totalmente compreendido. Uma síntese da trama pode ser a frase: quando a verdade se transforma em mentira e toda esperança acaba, o que fazer? Este estado de espírito, que pode levar a criação ou a destruição, está relacionado com a religião, que parece dar respostas ao que não tem resposta. Este filme sobre o judaísmo, mais precisamente sobre a longa tradição de teatro e cinema yidish, como enfatizou o brilhante comentário do leitor Mateus Kacowicz, leva ao espectador um cinema diferente. Aproveito para indicar um autor que aprecio, que escreve sob influência desta tradição: Isaac Bashevis Singer.

-O Lobisomem, de Joe Johnston: Muito já foi feito em matéria de Lobisomens no cinema. Lembro-me agora do ótimo Um Lobisomem Americano em Londres, ou do bom Lobo, com Jack Nicholson. Este novo filme contém bons atores, bons efeitos especiais, mas não chega lá. Nem Anthony Hopkins, nem Benício del Toro conseguiram salvar o filme, que parece ter problemas de roteiro: o filme não dá medo e não empolga, ficando no estágio água com açúcar.

- Avatar, de James Cameron: este causou polêmica. Após assistir o filme, detestar, e escrever sobre este sentimento, recebi de volta cerca de 15 comentários de leitores furiosos, que adoraram o filme ou se sentiram feridos no seu íntimo pelos comentários deste crítico. Em primeiro lugar gostaria de esclarecer que não sou um americopata, e, quando falei do fascismo e boçalidade norte-americanos, escrevi sobre um aspecto da sociedade estadunidense (gostaram?), que não necessariamente faz parte do pensamento de todos os norte-americanos. Este ambiente beligerante, que desperta emoções débeis no espectador, é explorado pelo filme que se pretende ser avançado e ecologicamente correto, mas na verdade só traz um pouco mais do mesmo, maquiado em um visual incrível, que achei cafona, talvez por não ter visto em 3D.

- O Livro de Eli, de Albert Hughes: Eis aqui um exemplo de um filme que prometia ser incrível, com um visual diferenciado e uma estória interessante, mas desandou. Ficou um filme chato, débil, pseudo-bíblico, e absolutamente entediante.

- Cadê os Morgan, de Marc Lawrence: Este eu não posso criticar, uma vez que tive sono, talvez no momento crucial do filme. Será algum truque de roteiro, ou se deve à interpretação dos atores, o segredo para despertar o sono do espectador. No futuro, quando os neurocientistas descobrirem quais partes do cérebro são afetadas por determinadas peripécias e acontecimentos dos filmes, esta película será estudada em laboratório.

- Ilha do Medo, de Martin Scorcese: Aqui sim, um filmaço. Apesar de ter dormido na primeira exibição, insisti e assistí uma segunda vez: Valeu a pena. Scorcese faz uma direção precisa, auxiliado por ótimos atores e um roteiro original. Mais um acerto do diretor do genial Taxi Driver, que nem sempre acerta.

- Atraídos pelo Crime, de Antoine Fuqua: achei este filme muito bom; tem densidade e boas interpretações. Richard Gere está muito bem na pele de um policial fracassado, que conta as horas para se aposentar. A sequência de ação final também é muito bem resolvida. Um filme que poderia ser mais um dos tantos filmes policiais parecidos, mas vai além. Talvez pela competência do diretor em dotar os personagens de conflitos e complexidade.

- A Fita Branca, de Michael Haneke: este, em termos de arte, talvez seja o filme mais diferente de 2010. Um filme um pouco deprimente, mas muito bem realizado e feito com ousadia. O tratamento da imagem, os planos singulares e a interpretação dos atores são os méritos deste filme denso e diferente, que lembra algo de Tarkovski.

- Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho: incrível. Ousado. Um filme maravilhoso, que faz frente a qualquer produção internacional. Uma pena que este vencedor do Festival do Rio, havendo sido elogiado internacionalmente, tenha sido vítima da perversidade da distribuição dos filmes no Brasil. Um mercado que privilegia somente produções estrangeiras e blockbusters, colaborando para o embrutecimento dos nossos cérebros.

- O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella: adorei, assim como tantas outras pessoas este vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Um filme muito bem realizado e com um roteiro sublime, aprimorado pela atuação contundente dos atores encabeçados pelo fenômeno argentino Ricardo Darín. Um filme policial singular, que se realiza exemplarmente enquanto gênero policial.

- Educação, de Lone Scherfig: Um bom filme, mas sem nada de especial.

- Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow: Apesar de ser mais um produto patrocinado pela industria bélica e pelo Pentágono (com direito a conversas onde os nomes das armas são citados, sua precisão, etc), um filme realmente muito bem feito. Ele prioriza o aspecto psicológico dos soldados e é um filme de ação de primeira. Este azarão venceu o Oscar pela competência técnica de suas imagens estilo documentário, editadas de forma nervosa.

- Como Treinar Seu Dragão, de Dean DeBlois: acabei de assistir a esta animação em 3D e gostei muito. O desenho é muito bem feito, com imagens belas, passando uma mensagem aparentemente de amizade entre os diferentes povos. Ao invés de matar os dragões, o garoto nerd passa a domesticá-los. Os Vikings passam então por um dilema: matar ou ficar amigos das feras?

- Dupla Implacável, de Pierre Morel: fui assistir a esta bomba protagonizada por John Travolta acreditando que este filme seria parecido com o filme de estreia do diretor, Busca Implacável. Este sim, facista, etnocêntrico, beligerante, repleto de preconceitos, mas ao mesmo tempo genial. Este primeiro filme, que trazia Liam Neeson como protagonista, é tão bem feito que em nenhum momento tive o pensamento de criticá-lo, durante a sessão. Somente no dia seguinte, percebi que o herói americano havia exterminado e torturado albaneses, árabes, franceses, muitas vezes se passando por um policial francês, mas falando em inglês. Este filme totalmente politicamente incorreto é muito bom enquanto obra cinematográfica, independente de seu conteúdo ideológico. Este segundo filme, no entanto, tem toda a bestialidade e preconceitos do primeiro mas sem os seus méritos: mais um lixo hollywoodiano; pior: um filme produzido por franceses (já há muito que a França tenta realizar bons filmes de ação nos moldes de Hollywood), mas mais americanóide do que os próprios filmes americanos. No geral, acredito que 2010 já está muito superior ao ano anterior em termos da qualidade dos filmes. Confira na próxima página as estreias da semana… Estreias (16/04)

As Melhores Coisas do Mundo Brasil, 2010. Direção: Laís Bodanzky. Elenco: Paulo Vilhena, Gabriela Rocha, Caio Blat. Duração: 107 min.

Zona Verde (Green Zone) EUA, 2010. Direção: Paul Greengrass. Elenco: Matt Damon, Jason Isaacs, Brendan Gleeson, Greg Kinnear. Duração: 115 min.

Caçador de Recompensa (The Bounty Hunter) EUA, 2009. Direção: Andy Tennant. Elenco: Gerard Butler, Jennifer Aniston. Duração: 111 min.

Mary e Max Uma Amizade Diferente Australia, 2009. Direção: Adam Elliot. Vozes: Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana. Duração: 92 min.

Rita Cadillac A Lady do Povo (SP/RJ)Brasil, 2007. Direção: Toni Venturi . Duração: 75 min.

Vidas que se Cruzam (The Burning Plain) EUA/Argentina, 2008. Direção: Guillermo Arriaga. Elenco: Charlize Theron, Kim Basinger, Jennifer Lawrence. Duração: 111 min. Escrito por: Francisco Taunay Compartilhe

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